12 de março de 2008

José Felix - "Travessia" - ediumeditores


A edium editores tem o prazer de anunciar o lançamento do livro "Travessia" do poeta José Félix e ter lugar no próximo dia 22 de Março no Porto Palácio Hotel (sala3Rios).
José Nascimento Félix, nasceu em 1946, em Luanda. Licenciado em História pela F.C.S.H. da Universidade Nova de Lisboa tem os seus poemas publicadas em dezenas antologias. Em 2003 publicou, em livro autónomo, o título "Geografia da Árvore (a reinvenção da memória)".É coordenador da página "Encontros de Escrita" http://www.escritas.paginas.no.sapo.pt/ que alberga a melhor da poesia contemporânea em língua portuguesa bem como da página pessoal http://ateiadaaranha.blogspot.com/
A associação deste que é um dos mais respeitados nomes da poesia portuguesa actual ao catálogo de poesia da edium é motivo de orgulho para esta editora.

Xavier Zarco - "O Livro do Regresso" - ediumeditores



Depois do lançamento em 2007 do premiado “Variações sobre tema de Vítor Matos e Sá – Invenção de Eros” a edium editores prepara para Fevereiro a apresentação de “O Livro do Regresso” de Xavier Zarco, obra também galardoada, desta feita com o Prémio de Poesia Raul de Carvalho, instituído pela Câmara Municipal de Alvito.
O fulgurante trajecto literário de Xavier Zarco conta com uma vasta lista de obras publicadas: O livro dos murmúrios (1998), No rumor das águas (2001), Acordes de azul (2002), Palavras no vento (2003), In memoriam de John Lee Hooker (2003), Ordálio (2004), Hino de Santa Clara (2005), O guardador das águas (2005), O ciclo do viandante (2005), O fogo A cinza (2005), Stanley Williams (2006), À beira do silêncio (2006), Monte maior sobre o Mondego (2006), Afluentes do poema (2006), Trinta mais uma odes (2007), Divertimento poético (2007), Variações sobre tema de Vítor Matos e Sá: Invenção de Eros (2007) e Poemas com rosto (2007).
A Xavier Zarco foram ainda atribuídas as seguintes distinções: Prémio de Poesia Vítor Matos e Sá - 2004, organizado pelo Conselho Científico da Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra, ao título O guardador das águas; Menção honrosa (poesia) no Prémio Literário Afonso Duarte – 2004, realizado pela Câmara Municipal de Montemor-o-Velho, a Monte maior sobre o Mondego; Vencedor do Concurso para a letra do Hino da Freguesia de Santa Clara, efectuado pela Junta de Freguesia de Santa Clara, em 2004, com Hino de Santa Clara; Prémio de Poesia do Concurso Literário Manuel Maria Barbosa du Bocage - 2005, promovido pela LASA - Liga dos Amigos de Setúbal e Azeitão, a O fogo A cinza; Prémio de Poesia Raúl de Carvalho - 2005, levado a efeito pela Câmara Municipal do Alvito, a O livro do regresso (agora editado); Prémio de Poesia Vítor Matos e Sá - 2007, do Conselho Científico da Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra, a Variações sobre tema de Vítor Matos e Sá: Invenção de Eros; Prémio Literário da Lusofonia - 2007, da Câmara Municipal de Bragança, a Nove ciclos para um poema (no prelo); Menção Honrosa (Poesia) no 1.º Concurso de Conto e Poesia da CGTP-IN – 2007, a 25 Cravos de Abril (título ainda inédito).

“A Cerca Humana”

Este mundo tão pequeno, viradas as costas, paisagem sem sabor onde os frutos tomam o gosto nas palavras sábias de quem viveu.

Eloquência! Sideral, a manta de castigos tinge os homens com comum sabor mortal.

O céu escuro.

Eis a pequena persiana que se fecha, olhos devolvem, mãos escondem, horizonte puro.
O pequeno mundo é o meu, as costas agarram o timbre melodioso de um sino que toca.

Lugar de Deus… Dizem.

Este mundo tão pequeno, gente sábia, dizem…

Não restam senão improvisos do sabor do sol, descansado neste corpo vivido, sucumbido e aflito, furtam-me desesperadamente, o que resta, do pequeno mundo…
O meu sorriso.

Acordei aqui, rodeado de tantas feridas, a guerra dos meus sonhos movimenta os minutos deste relógio, que braço castigado trabalha.

Que fiz eu ao tempo? Onde me perdeu o silêncio?

Pequenos passos, pequenos mundos, desço a escadaria deste lugar, abruptamente o oxigénio asfixia, sem voz, atiro-me! Lá ao cimo toca o sino, montanha, a prece toma feições de gente.

Lugar de Deus… Dizem.

Este mundo tão pequeno, eu…

As mãos baralham as cartas, sorteando um lugar, colinas paisagísticas, criação do verso, história banal, nas mãos dos homens, tomam conta, da gente humana tanto de desigual.

Salta para cima de uma mesa, respirando, palavra odienta, absorve o cérebro humano, somos pequenos robots à nascença, raça extinta, dizem do homem surge o mundo, tão gigante a sua voz, corpo pequeno, como o mundo que tenho, este meu mundo tão enfermo.

Assiste-se agora ao derradeiro momento, soldados nas mãos poderosas desta gente, família, sonhos, vida, vai-se extinguindo toda a paisagem em silêncio enquanto nas mãos se gasta mais uma lágrima sem o sabor do momento.

As pernas caminham, as mãos manuseando uma arma, os olhos pálidos, sinto-me apático e desnutrido, do que são os meus sentimentos.

Este pequeno mundo, gente humana barafustando, ninguém sabe, sabor das minhas lágrimas, o pequeno riacho aguarda, dizem que me espera, o sino vai tocando…

Palavra de Deus… Dizem.

Não invisto, desisto, não quero correr sem desígnio, a igualdade funde-se nos sonhos construídos que foram imensidões de egoísmo, fatal o homem que nasceu de outra cor, não é mais que um animal asfixiado sem dignidade nas mãos humanas dos presentes.

Falo de raça… Sim.

Este mundo tão pequeno, viradas as costas, somos silêncio…

Talvez eu não saiba… Sim,

Talvez eu não saiba sobre o que escrevo…

Mas é o que eu sinto.


Paulo Themudo