12 de março de 2008

“A Cerca Humana”

Este mundo tão pequeno, viradas as costas, paisagem sem sabor onde os frutos tomam o gosto nas palavras sábias de quem viveu.

Eloquência! Sideral, a manta de castigos tinge os homens com comum sabor mortal.

O céu escuro.

Eis a pequena persiana que se fecha, olhos devolvem, mãos escondem, horizonte puro.
O pequeno mundo é o meu, as costas agarram o timbre melodioso de um sino que toca.

Lugar de Deus… Dizem.

Este mundo tão pequeno, gente sábia, dizem…

Não restam senão improvisos do sabor do sol, descansado neste corpo vivido, sucumbido e aflito, furtam-me desesperadamente, o que resta, do pequeno mundo…
O meu sorriso.

Acordei aqui, rodeado de tantas feridas, a guerra dos meus sonhos movimenta os minutos deste relógio, que braço castigado trabalha.

Que fiz eu ao tempo? Onde me perdeu o silêncio?

Pequenos passos, pequenos mundos, desço a escadaria deste lugar, abruptamente o oxigénio asfixia, sem voz, atiro-me! Lá ao cimo toca o sino, montanha, a prece toma feições de gente.

Lugar de Deus… Dizem.

Este mundo tão pequeno, eu…

As mãos baralham as cartas, sorteando um lugar, colinas paisagísticas, criação do verso, história banal, nas mãos dos homens, tomam conta, da gente humana tanto de desigual.

Salta para cima de uma mesa, respirando, palavra odienta, absorve o cérebro humano, somos pequenos robots à nascença, raça extinta, dizem do homem surge o mundo, tão gigante a sua voz, corpo pequeno, como o mundo que tenho, este meu mundo tão enfermo.

Assiste-se agora ao derradeiro momento, soldados nas mãos poderosas desta gente, família, sonhos, vida, vai-se extinguindo toda a paisagem em silêncio enquanto nas mãos se gasta mais uma lágrima sem o sabor do momento.

As pernas caminham, as mãos manuseando uma arma, os olhos pálidos, sinto-me apático e desnutrido, do que são os meus sentimentos.

Este pequeno mundo, gente humana barafustando, ninguém sabe, sabor das minhas lágrimas, o pequeno riacho aguarda, dizem que me espera, o sino vai tocando…

Palavra de Deus… Dizem.

Não invisto, desisto, não quero correr sem desígnio, a igualdade funde-se nos sonhos construídos que foram imensidões de egoísmo, fatal o homem que nasceu de outra cor, não é mais que um animal asfixiado sem dignidade nas mãos humanas dos presentes.

Falo de raça… Sim.

Este mundo tão pequeno, viradas as costas, somos silêncio…

Talvez eu não saiba… Sim,

Talvez eu não saiba sobre o que escrevo…

Mas é o que eu sinto.


Paulo Themudo

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