28 de dezembro de 2007

“Envolvimento”

Conflituosas as mãos
Que dão de beber
O fel amargo da voz.

O rio acalma, desatinado,
Doce, palavra gestual,
Ausentam-se-me os verdes prados,
Observo os campos enamorados.

Medo, ou...
Medo!

Orquestra de vozes gritando aflitas,
Afunda-se o pensamento
Ao mais profundo da terra inconsistente.

Segredo, ou...
Ou personificação, do medo.

Sem fala, a filosofia sai de mim,
Um respirar duvidoso
Coração ou morte, ou certeza
Desta vida, não ser, despedida.

Morte, ou...
Ou tempo, viagem.

Agora é o frio, o gélido calor
Das mãos transpiradas
Do sol nascente, gotejam
Lágrimas geladas.

Brinquedo, os lábios cumprimentam-se
Sedosos, desejosos, inchados,
Olhos, a última gota
Foi a mais perfeita! Amados!...

Entrega, ou...
Ou eterno, desejo, anjo.

Luz desce vagarosa
Acende o silêncio do corpo,
Calma, vazio, preencho
Trémulo, os dedos tocam, intenso...

Saber a poeta, ou...
Ou saber a palavra, ou...
Ou não ter sabor algum, ou...
Ou saber a voz, comum.

Fantasma, passeando os lençois,
Calafrio, arrepio, os dedos agitados
Encontram, fortuna, cumplicidade,
Mil mundos! Um milhão de sóis!...

Um sabor a palavra
Esgota-se nos dedos agitados
Assexuado, fantasma,
Os olhos comem, endiabrados.

Palavra, ou...
Ou sentido, significado, ou...
Ou tudo, ou nada, ou...
Ou eu, confuso, a montar
O espectáculo.

O meu.

Paulo Themudo

“Não Quero Sair Daí...”

Os ramos dos teus braços
Perfumados de jasmim
Oxigénio, incenso,
Fragmento, impulsivo, de mim.

Lábios mornos, calor, humidade
Dos teus olhos
Preso nos teus galhos
Desespero, evaporo-me, ansiedade.

Abrem as portas pesadas
Maré enraivecida viola a mão inchada
Barco sem velas, evito,
Morada, de mim, vai-se, trovoada.

Os ramos dos teus braços
Raízes das pernas,
Devoro-te, mastigo-te, esfomeado
De ti, deixo-me, dei... Dei-me,
Caricias, sentimentos, frases eternas.

Olho: Ou antes, observo
Atento ao medo e ao inferno
Anjo de pó evita o sol
As mãos castigadas, vazias, do Inverno.

Acabou: digo antes, durou!
Verso cego bebe da humidade
Dos lábios escarlates
Embriagada, esta alma, saudades...

Os ramos dos teus braços
O fruto do teu sexo
As mãos embalas, encontras
Debaixo de mim a razão do tempo
Nada mais faz sentido ou tem nexo.

Apalpo: Digo, osculto
Delineando as palavras
Teu coração, pele angélica,
Pó à terra, foste, não vi
Onde estavas.

Abrem os portões cinzentos
Casa humilde, ao longe, luz
Paraíso dos homens,
Não para mim, o teu corpo reluz,
Não: Claro que não! Não sou Santo.

Acabou: digo, acabou
Onde começou, olhos vidrados,
Os ramos dos teus braços
Vivem, deixam-me, esperançados.

Paulo Themudo

20 de dezembro de 2007

“Por Ti...”

Tão cego...

O que me comove são os segundos
Passam sem travões, o relógio oculto,
Como a minha vida...

Pareço uma miragem, luz, passagem,
Alma passeia os versos,sinto,
Como desejei outra paragem
Que relógio oculto me engana.

Tão só...

Absorvo a confusão, respiro, solidão...

Sou fruto de quê?

Pareço... Uma coisa, nada, escura,
A sala, as cortinas beijam o vento,
O meu amor, ausente,
A lua quebra os ponteiros
Presente... Anseios, medos e receios.

Purificação do meu ser
As águas, Anjo, guardas,
Baptizado, bebido de estrelas
Creio em mim... Sim.

Imito-me de luz,
Sim, com os olhos cerrados
Só vejo luz, minha cruz,
Fazer correr os ponteiros, acorrentados.

A cela escura
O meu vazio preenche
De...
De tudo ou nada
Esta alma...

Sente! Sente!

Sou fruto do quê?

Os pés... Os meus, onde estão?
As mãos... Minhas mãos, para onde vão?
Corpo... Este, meu...

Meu... Silêncio, resguardo,
Vestido de luz no luar abençoado.

Tanto mais... Tanto!

Tanto para dar.

Acordo,
Não... Esgoto-me,
Mergulhado em lágrimas
Não quero aos ponteiros do tempo,
Voltar.

Sou fruto do quê?

Amar... Sim, amar.

Paulo Themudo

6 de dezembro de 2007

Edium Editores

Convite

Salão Nobre da Junta de Freguesia de S. Mamede de Infesta.
Lançamento do livro "Salvador, o Homem e textos inconsequentes" de Conceição Paulino.
Apresentação pelo Prof. Dr. Pedro Calheiros
Textos da obra serão lidos pelos poetas Maria Mamede e António de Almeida Matos.
Momento musical executado pela Academia Musical de Vilar do Paraíso.
Se puder, não falte.

A EDIUM EDITORES, http://ediumeditores.blogspot.com/com cerca de 80 títulos publicados, prestes a fazer dois anos que iniciou sua actividade, vai editar um livro meu, prosa, «Salvador, o Homem e Textos InConSequentes».É uma editora pequena, mas esforçada na divulgação da cultura.Tem publicado autores não muito conhecidos e jovens autores, o que, à partida não garante grandes receitas, ora sendo o objectivo maior a divulgação da literatura tem na mesma que ser rentável senão ...morre .Asim o seu proprietário, agente directo em todas as fases do processo, pretende promover a venda on-line, no futuro.Para já, para garantir a cobertura dos custos, ensaiou esta modalidade que vos proponho:Quem quiser pode (POR FAVOR LEIAM E RESERVEM SEM PROTELAR SENÃO ESQUECEM) fazer uma pré-reserva do número de livros que se propõe adquirir, para:ediumeditores@gmail.comValor da capa: 10,00€/livroNº de pág. + ou - 80Serão convidadas/os,via email e moradas, os que detenho, para apresentação do livro no início de Dezembro.Quem fizer pré-reserva e pagar por cheque ou transferência bancária (acordar com o Editor- ver site acima referido) fica isento d os custos dos CTT OS QUAIS , COMO SABEM, SÃO BEM GRAVOSOS.Agradeço que quando fizerem as vossas pré-reservas (muitas) - lembrem-se das prendinhas de Natal - ao enviarem o email ao editor me enviem o mesmo email em:c.c.Fazemos trabalho conjunto.« S inopse: de «Salvador, o Homem e Textos InConSequentes»O livro pode ser decomposto em duas partes, das quais,«Salvador, o Homem» abrange cerca de um terço.Mais próximo da novela do que do conto relata a experiência de Salvador ao descobrir o fantást ico que a vida encerra e que o mundo é muito mais do que o que vemos no dia a dia, assim como nele, enquanto ser humano,existem dimensões inexploradas, até ignoradas que ao descobrir e as integrar no seu todo alteram sua vida e de todos ao seu redor.Os textos restantes enquadram-se mais no conceito americano de short-stories e diversificam o leque de leitura de uma forma que cremos será de vosso agrado e que o próprio título vos permite intuir a existência d nexos, aparentemente inexistentes.»Minhas e meus amigos, nesta hora de "parir" mais uma cria conto convosco.Desejo uma boa semana e P.F. divulguem esta informação pelos vossos contactos pois poderá haver pessoas eventualmente interessadas.
Conceição Paulino

1 de dezembro de 2007

Eu...

Olhos semicerrados, qual criança chegando agora a este mundo, levanto as persianas do dia para respirar o oxigénio da minha existência.
Contaminado pela aurora só, agarro o transpirar das janelas nuas, lavo a face, escudos protectores das palavras ditas que o sonho roubou.
Morte certa é o pesadelo, uns braços fartos de lutar, uns olhos fechados na escuridão que é a noite dominadora, que não me deixa amar.
Deixaste-me uma sombra… Um irrisório pedaço de ti consome agora o meu corpo, quase como uma sombra redundando o quarto iluminado, os lençóis amados e transpirados, entrega do meu ser nas tuas mãos revolve-me a certeza do mundo.
O sonho toma conta, o verbo deita-se nos teus lábios para fazer nascer a palavra , os olhos adormecem agora que a sombra do meu corpo se abraça ao teu corpo nu, não querendo ser sonho, nem pesadelo, encena-se nos céus este teatro, nas mãos de um qualquer anjo, quase nos sentimos divinos…
Olhos semiabertos, vou-me em correria endiabrada, respirar o sabor intenso do mar, nas mãos os grãos de areia, na sua palidez e inocência, peregrinam-me um caminho sentenciado, lugar das preces, a sombra só, tento desesperadamente manter-me acordado.
Acaba sonho! Acaba sonho medonho!
Na vontade de ser criança, levam-me para qualquer lado os braços do sol, não mais tenho frio, a paisagem desolada oferenda-me os cheiros, da minha natureza recolher dos sons, das vozes mudas, um lugar para os meus anseios.
Volto ao quarto, despido agora de silêncio, que voz altiva clama por mim, roubando sem pressas o verso que trago nas mãos, para dar lugar a alguma razão.
Sim, o verbo que se deitou nos teus lábios, os olhos que viajaram o mundo, o corpo nu que não sei se sonho, agora confundo.
Quantas mais estradas… Até onde vai a minha existência? Que eu não seria nada do que sou se não fossem os sonhos.
Contaminado pela noite supérflua, agarrado aos teus cabelos sinto-me voar, um pestanejar diz-me que deste mundo, razões mais significativas de poesia e sonho, serão sempre os meus pertences.
Aquele espelho brilha, brilha intensamente furtando a tua sombra, serias um anjo? Um anjo que acordei vindo das trevas?
Um raio de luz atravessa as paredes, sucumbindo logo depois na nudez do teu corpo, o espelho entrega imagens do tempo, o passado afoga-me os olhos, o corpo vibra à passagem do tempo… Um tempo que eu vivi, para sem sonhos, chegar aqui…
O verbo mistifica lugares, as palavras são fortes, bebi da saliva do mar, em céu aberto eu quis, eu quis voar.
Pergunto-me: Onde começa e acaba a minha existência?
Sou sombra, és sonho, pálido, remanescido de um lugar sem sol, nas garras dos teus olhos, ficam as sombras, não serei mais que um sonho, desorientado, despido de ti, sou homem, quero ser amado.
Olhos semicerrados, qual criança chegando agora a este mundo, levanto as persianas do dia para respirar o oxigénio da minha existência, sem saber, se realmente existo.

Paulo Themudo.

26 de novembro de 2007

Reflexão

“ Espírito, Luz, Vida “

À procura de luz, é no fluir das palavras que a caminhada da vida me recolhe à estrada.
Tapete real, manto da natureza extinto, dos sonhos, a solidão escraviza-me o pensamento triste.
Não serei mais que um ser usufruindo deste ar viciado onde o espírito vive e repousa.
Como uma bebida qualquer, feita de casco velho, caminha o silenciado céu, este corpo, com voz rouca de gritar o tempo, na plenitude existencial da sua alma.
Lugar eterno dos céus, dizem-me que dos anjos, mais que a infinita estrada onde caminho, será também outro mundo.
Saudade da minha nudez, vontade de me sentar, recolher desta mesa as velas que foram o meu silêncio confundido, adormeci e não quis mais, acordar.

Afinal, para onde foram os meus sonhos?

Observo atentamente as rimas que escrevinhei no chão... No chão.
Espírito de luz segue viagem, uma viagem que termina quando eu for descoberto.
Quando de forma complexa me beberem o rio das palavras, esgotarem do sangue nobre a hierarquia desta alma, entregue ás luzes do mundo para imortalizar o que resta dos meus medos.
À mesa com Deus, povoado de mundo, martirizado por ter dado de mim quase tudo...
Da praga antiga um sabor a medo, a estrada que se estreita e esconde um segredo.

Eu cresci... Eu venci! Eu venci!

A minha alma repousa agora, desabafando no silêncio, de mãos abertas observando a magnificência dessa luz que não é nada mais que a minha própria vida.

Paulo Themudo

25 de novembro de 2007

Ana Costa


A autora Ana Maria Costa lança o seu primeiro livro, "Nascido tarde" no proximo dia 15 de Dezembro pelas 16 horas nas instalações da Sonae Holding, espaço "Sonae Learning Centre", lugar do Espido, EN 13 - Cidade da Maia.
O livro contém opiniões escritas dos poetas e amigos: Alexandra Oliveira, Francisco Coimbra, José Félix, Maria João Oliveira, Mónica Correia e Xavier Zarco. A apresentação estará a cargo do Professor Doutor José Gil e do Dr. Jorge Vicente. Animado com intervalos de música, performance e declamação dos meus pensamentos pelos actores: Otília Costa, Joana Resende e Ruben Correia.

Finaliza com uma sessão de autógrafos e o cocktail, oferta do espaço "Sonae Learning Centre".


Compareçam!

Xavier Zarco

Muito recentemente, tive a oportunidade de conhecer o trabalho do poeta Português, Xavier Zarco.
As palavras são fortes, erguem mundos, constroem, destroem e levam-nos a todos os lugares.
Não querendo ser pretensioso, é nas palavras do Xavier que reconheço o chamado "Arrepio da Espinha", a palpitação do coração... Seja, a sua sensibilidade não tem precedentes, com mãos suaves e ternas mistifica-nos lugares, leva-nos a percorrer os caminhos, deixa-nos a reflectir e a pensar...
Xavier Zarco, comove-me, atira-me com gestos de sensibilidade, constroi o mundo e os seus mundos.
Conheçam-no! Vão ficar surpreendidos.