Os ramos dos teus braços
Perfumados de jasmim
Oxigénio, incenso,
Fragmento, impulsivo, de mim.
Lábios mornos, calor, humidade
Dos teus olhos
Preso nos teus galhos
Desespero, evaporo-me, ansiedade.
Abrem as portas pesadas
Maré enraivecida viola a mão inchada
Barco sem velas, evito,
Morada, de mim, vai-se, trovoada.
Os ramos dos teus braços
Raízes das pernas,
Devoro-te, mastigo-te, esfomeado
De ti, deixo-me, dei... Dei-me,
Caricias, sentimentos, frases eternas.
Olho: Ou antes, observo
Atento ao medo e ao inferno
Anjo de pó evita o sol
As mãos castigadas, vazias, do Inverno.
Acabou: digo antes, durou!
Verso cego bebe da humidade
Dos lábios escarlates
Embriagada, esta alma, saudades...
Os ramos dos teus braços
O fruto do teu sexo
As mãos embalas, encontras
Debaixo de mim a razão do tempo
Nada mais faz sentido ou tem nexo.
Apalpo: Digo, osculto
Delineando as palavras
Teu coração, pele angélica,
Pó à terra, foste, não vi
Onde estavas.
Abrem os portões cinzentos
Casa humilde, ao longe, luz
Paraíso dos homens,
Não para mim, o teu corpo reluz,
Não: Claro que não! Não sou Santo.
Acabou: digo, acabou
Onde começou, olhos vidrados,
Os ramos dos teus braços
Vivem, deixam-me, esperançados.
Paulo Themudo
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