28 de dezembro de 2007

“Não Quero Sair Daí...”

Os ramos dos teus braços
Perfumados de jasmim
Oxigénio, incenso,
Fragmento, impulsivo, de mim.

Lábios mornos, calor, humidade
Dos teus olhos
Preso nos teus galhos
Desespero, evaporo-me, ansiedade.

Abrem as portas pesadas
Maré enraivecida viola a mão inchada
Barco sem velas, evito,
Morada, de mim, vai-se, trovoada.

Os ramos dos teus braços
Raízes das pernas,
Devoro-te, mastigo-te, esfomeado
De ti, deixo-me, dei... Dei-me,
Caricias, sentimentos, frases eternas.

Olho: Ou antes, observo
Atento ao medo e ao inferno
Anjo de pó evita o sol
As mãos castigadas, vazias, do Inverno.

Acabou: digo antes, durou!
Verso cego bebe da humidade
Dos lábios escarlates
Embriagada, esta alma, saudades...

Os ramos dos teus braços
O fruto do teu sexo
As mãos embalas, encontras
Debaixo de mim a razão do tempo
Nada mais faz sentido ou tem nexo.

Apalpo: Digo, osculto
Delineando as palavras
Teu coração, pele angélica,
Pó à terra, foste, não vi
Onde estavas.

Abrem os portões cinzentos
Casa humilde, ao longe, luz
Paraíso dos homens,
Não para mim, o teu corpo reluz,
Não: Claro que não! Não sou Santo.

Acabou: digo, acabou
Onde começou, olhos vidrados,
Os ramos dos teus braços
Vivem, deixam-me, esperançados.

Paulo Themudo

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